Curioso como certas palavras ganham um significado novo, e a gente não consegue mais enxergar o significado antigo. Voyeur, em francês, é o equivalente de viewer em inglês, e significa "aquele que vê". Tia Wiki, com sua mente pervertida, é que só vê o sentido sexual da palavra. Eu não. Eu sou aquela que vê, e que adora ver o interior das casas dos outros.
Eu tenho uma curiosidade gigantesca sobre a casa dos outros. E pratico sempre o exercício de voyeurismo. E após ver, e ver, caio na vala do "classificar". Invariavelmente.
E é aí que esse apartamento, por exemplo, ganha etiquetas de escandinavo, despojado, limpo. E classificar é errar, porque (quase) tudo é sempre muito mais do que podemos dizer. E esse apê é na Alemanha, e despojado significa pouco vestido, e vemos uma casa cheia de armários, e limpo é preciso tocar pra ter certeza.
Ver é se enganar. Viver é se enganar. Decorar é o contentamento de se distrair dos enganos.
Agora, despida dos truques do "ver", faço o meu papel de traduzir os elementos. Armários de pinus e com buracos - feitos com uma serra-copo - como puxadores sempre me agradam. Mas sempre me pergunto que tratamento é esse que permite que se use pinus na cozinha, sem deixá-lo brilhando.
Os armários em abundância, mas na mesma cor da parede, o onipresente branco, enganam os olhos e quase não os percebemos ali. Mas livros, ah eles!, não foram feitos para serem escondidos.
A madeira aparece em vários tons, até para equilibrar todo o brancão de todo o resto.
E um pé direito mais alto permite a marcenaria, que me lembra aquele apê de Girls. Acho funcional e interessante, por não ser uma fórmula que meus olhos de voyeur se acostumaram. Ainda.