Eu preciso trabalhar pra pagar minhas contas. Mas só sei trabalhar apaixonada*. Se não estiver assim, prefiro largar e partir pra outra. E é nesse clima que esta semana monto 2 apartamentos no Bairro Carioca: apaixonadíssima. Tem nada pronto ainda, e esta acima é uma foto do antes, e a abaixo é do durante. Mas olha, tá ficando lindo (o ladrilho hidráulico adesivo é da Flok):
A ideia do projeto que participo (junto com Jairo de Sender, Bel Lobo e Nathalie Nery) é decorar completamente 2 apartamentos, sem trocar nenhum revestimento, e com um orçamento micrométrico.
Pra fotografar "meus" dois apartamentos prontos, virá ao Rio um moço muito bacana. Chique, né? Pois enquanto a gente não vê o depois, pelas lentes do Sr. Valdivieso, que tal vermos o antes?
* "Na época pré-moderna, fazia parte do senso comum pensar que ninguém poderia estar ao mesmo tempo apaixonado e casado. O casamento era algo que se fazia por razões puramente comerciais, para garantir que a fazenda da família passaria para um descendente ou garantir a continuidade dinástica. (...) O amor era algo que se fazia com uma amante, à parte, com o prazer separado das responsabilidades da criação dos filhos. Foi apenas com os filósofos modernos que se passou a acreditar que na verdade é possível querer casar com a pessoa por quem se está apaixonado, em vez de simplesmente ter um caso. A esta idéia inusitada se somou a noção ainda mais peculiar de que as pessoas devem trabalhar tanto para realizar seus sonhos quanto por dinheiro – idéia que substituiu o consenso anterior de que o trabalho era para pagar o aluguel, e qualquer coisa mais ambiciosa só poderia ser feita no tempo livre, depois que o sustento estivesse assegurado. Nós somos herdeiros dessas duas crenças muito ambiciosas: a de que você pode amar a pessoa com quem está casado; e a de que você pode se realizar trabalhando. A ponto de se ter tornado impossível para nós pensar que podemos ser felizes sem trabalhar, da mesma forma que, na época de Aristóteles, se acreditava ser impossível ser feliz, ou mesmo humano, trabalhando." Alain de Botton.